E foi descendo a BR-040 entre Carrancas e o Rio de Janeiro que eu pude realizar um antigo sonho. Nas últimas três vezes que passei por ali, ao ler a placa “Petrópolis”, eu sempre torcia para dar na telha do condutor dele virar ali para eu conhecer essa famosa cidade histórica. Como dessa vez o motorista era eu mesmo, dei a seta e fomos lá conhecê-la. (Ok, confesso que não foi bem assim. Como vocês bem me conhecem, passar por lá já estava na minha planilha de Excel).
Apesar de ver o que eu não esperava, pois Petrópolis é grande, cheia de gente na rua carregando sacolas e com um trânsito caótico, também pude visitar as atrações que habitavam o meu imaginário: Museu Imperial, Catedral de São Pedro de Alcântara, Palácio de Cristal e Casa de Santos Dumont. E foi nesse último passeio que eu agradeci a vida por ter bons amigos, afinal a causa do suicídio do “pai da aviação” deve ter sido as longas horas solitárias que o homem passava ali, apenas com seus pensamentos. Tudo bem que eles resultaram na invenção do avião, da escada enxuta e do primeiro chuveiro aquecido no Brasil, mas, talvez, pensar demais faça mal.
Mas quando envolve uma decisão, pensar faz bem. Levar um gringo para o Rio, por exemplo, é como almoçar em rodízio de churrascaria. Sempre rola aquela dúvida do que colocar no prato e qual a quantidade certa. Cinco horas de praia em Copacabana? Humm, indigestão na certa. Baile funk na quadra do Salgueiro? É, acho que é passar do ponto… Para não azedar a relação de alguém que estava indo pela primeira vez e de alguém que já conhece o Rio pra burro, resolvi colocar no prato opções leves, mas com o tempero certo. Dessa forma, vai aí uma sugestão de cardápio de 4 dias para levar estrangeiro para o Rio de Janeiro. Bon appétit!
ENTRADA (quinta-feira): Salada verde e coquetel tropical (daqueles com sombrinha na borda)
Passamos a tarde na famosa Prainha (ótima, sem congestionamentos típicos da época de verão) e outras praias nos arredores, com mirantes de dar água na boca. A volta é um deleite de sensações: estradinha a beira-mar, Barra da Tijuca, túnel da Rocinha… À noite, andamos no calçadão de Copacabana e fomos dormir.
PRIMEIRO PRATO (sexta-feira): Tradicional arroz com feijão, farofa e legumes, acompanhado de cerveja
Levantamos cedo para subir ao Cristo Redentor (com um empurrãozinho da minha prima Ana Luiza), dali fomos para o Centro Histórico. Chegamos ao Paço Imperial, passamos pela Travessa do Comércio e a Rua do Ouvidor até a Candelária. De lá, fomos almoçar no simpático restaurante Cedro do Líbano, bem no meio da confusão dos camelôs. No caminho de ida e de volta (até a Confeitaria Colombo) ouvimos a impagável rádio Saara que anuncia as ofertas do dia. Depois de um cafezinho très chic, refinamos o passeio com uma ida ao Museu Nacional de Belas Artes. Já no fim da tarde, sentamos no Amarelinho para tomar um chope, na Cinelândia, com os olhos virados para o Theatro Municipal. À noite, fomos curtir a Lapa. Por sorte, o bar escolhido da vez – o Democráticos – tinha na sua programação uma apresentação da banda Mulheres de Chico e bem no dia do aniversário de 65 anos do rapaz de olhos verdes, que continua a encantar senhoras e moçoilas por aí…
SEGUNDO PRATO (sábado): Bife à milanesa e caipirinha
Não dá pra ir com tanta sede ao pote no segundo prato, portanto passamos o dia estirados nas areias de Ipanema. Com a companhia da Mariana (que me cobrou este post), tive o prazer de ver o Cedric experimentar seu primeiro açaí. Depois do exótico appetizer, fiz para eles minha famosa massa com molho de cenouras. Quem aí já a conhece? Resolvemos terminar a noite com um outro clássico: gandaiar no Rio Scenarium.
SOBREMESA (domingo): Frutas da estação
Tem coisa melhor do que deixar a cereja do bolo para o último pedaço? Então fomos nós no nosso último dia de Rio nos dependurar no bondinho até Santa Tereza. Almoçamos no Bar do Mineiro e depois de um rolêzinho pelo bairro, descemos até os Arcos da Lapa pela escada Selarón. O fim da tarde nos levou para dar uma voltinha pela Lagoa Rodrigo de Freitas e uma caminhada de volta a Ipanema, passando pelo Leblon. Afinal, o Rio não é o Rio sem o cenário das telenovelas do Manoel Carlos 😉